28 fevereiro 2011

Sobre José Agostinho Baptista

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26 fevereiro 2011

Sobre o poema «ADEUS»

O poema «Adeus» do Poeta José Agostinho Baptista do seu livro «Anjos Caídos» publicado pela Assírio & Alvim em 2003, é quanto a mim, particularmente tocante! E isto porque representa a ausência afectiva, que mais tarde ou mais cedo, tende a acontecer a qualquer pessoa, ou através de um inevitável distanciamento ocasional amoroso ou outro, ou ainda através de perca por falecimento. O "Adeus" palavra que usamos para nos despedirmos de alguém, sente-se neste mesmo poema esse Adeus em referência a um alguém que já foi e que não regressa mais ou também de um alguém que foi mas que igualmente poderá regressar a todo o momento, mais que não seja, por pensamentos e momentos vividos das memórias que nos vêm de quando em quando como se de caminhos descontínuos se tratasse... E como tal, veja-se no  «Adeus» o seguinte excerto:
(...) Agora,

talvez caminhes sem rumo através dos
quartos, numa casa onde já nada se ouve,
nem os acordes da alma,
nem casa onde as portas se fecharam para
sempre,

e a cortina não se move. (...)

E no final do poema «Adeus», sente-se que o autor, tal como acontece em cada um de nós, assume uma necessidade de parar com essas mesmas memórias numa tentativa de se libertar delas, dizendo um «Adeus» a esse mesmo «Adeus»:
(...) talvez o mesmo sol que hoje cai sobre este

cais que nunca viste,
este cais onde regressarei depois de um longo
e mortal exílio,
para dizer-te como isto dói,
estes barcos que voltam a partir de uma ilha
e do meu coração,
estes barcos que são a minha própria voz,
rouca e devorada pelo sal,
a dizer-te adeus.

ADEUS

Não sei onde estás agora, o que fazes,
se bordas ainda a colcha antiga, com todas
as cores das telas rasgadas,
atiradas ao chão,
não sei,
solitária estrela do anoitecer,
onde deixaste a luz que batia ternamente nos
espelhos negros das
minhas madrugadas sem água,
a luz que um deus cruel roubou aos pássaros
dos teus olhos escuros.
Não sei se chove,
Agora,
talvez caminhes sem rumo através dos
quartos, numa casa onde já nada se ouve,
nem os acordes da alma,
nem casa onde as portas se fecharam para
sempre,
e a cortina não se move.
É uma casa sem vinho, sem pão, sem as
altas fogueiras de um sol eterno,
talvez o mesmo sol que hoje cai sobre este
cais que nunca viste,
este cais onde regressarei depois de um longo
e mortal exílio,
para dizer-te como isto dói,
estes barcos que voltam a partir de uma ilha
e do meu coração,
estes barcos que são a minha própria voz,
rouca e devorada pelo sal,
a dizer-te adeus.

JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA, «Anjos Caídos», Edit. Assírio & Alvim, 2003

About «Caminhos descontínuos»

Caminhar é sempre uma razão
Que pode ir...
Para além dessa mesma razão
Em caminhos e mais caminhos
Que por si e em si
Descontínuos se tornarão!

DUARTE ALVES DE ANDRADE