O poema
«Adeus» do Poeta
José Agostinho Baptista do seu livro «Anjos Caídos» publicado pela Assírio & Alvim em 2003, é quanto a mim, particularmente tocante! E isto porque representa a ausência afectiva, que mais tarde ou mais cedo, tende a acontecer a qualquer pessoa, ou através de um inevitável distanciamento ocasional amoroso ou outro, ou ainda através de perca por falecimento. O "Adeus" palavra que usamos para nos despedirmos de alguém, sente-se neste mesmo poema esse Adeus em referência a um alguém que já foi e que não regressa mais ou também de um alguém que foi mas que igualmente poderá regressar a todo o momento, mais que não seja, por pensamentos e momentos vividos das memórias que nos vêm de quando em quando como se de caminhos descontínuos se tratasse... E como tal, veja-se no «Adeus» o seguinte excerto:
(...) Agora,
talvez caminhes sem rumo através dos
quartos, numa casa onde já nada se ouve,
nem os acordes da alma,
nem casa onde as portas se fecharam para
sempre,
e a cortina não se move. (...)
E no final do poema «Adeus», sente-se que o autor, tal como acontece em cada um de nós, assume uma necessidade de parar com essas mesmas memórias numa tentativa de se libertar delas, dizendo um «Adeus» a esse mesmo «Adeus»:
(...) talvez o mesmo sol que hoje cai sobre este
cais que nunca viste,
este cais onde regressarei depois de um longo
e mortal exílio,
para dizer-te como isto dói,
estes barcos que voltam a partir de uma ilha
e do meu coração,
estes barcos que são a minha própria voz,
rouca e devorada pelo sal,
a dizer-te adeus.
Sem comentários:
Enviar um comentário